Saímos bem cedo de casa para votar. Eu estava de paletó e gravata e La Tatita de vestido social preto e sapato de salto 15.
Aprendemos desde cedo que votar é exercer o mais sagrado dever cívico.
De mãos dadas atravessamos a cidade. Muitos conhecidos nos cumprimentavam e diziam "vão casar?", outros perguntavam: "vão fazer exames de fezes?". Tudo bem. Nada iria nos tirar o foco que era votar.
É muito bom saber que nosso voto pode mudar o País. E abraçados chegamos no local da votação. La Tatita retocou a maquiagem e eu ajeitei o nó da gravata. Fizemos uma oração para que nossos votos fossem abençoados e nos concentramos no bem do Brasil.
Ao entrarmos fomos interpelados por uma repórter do jornal local. Muito simpática perguntou se poderíamos responder algumas perguntas.
- Claro, filha, respondeu La Tatita.
- A senhora está muito elegante. E o senhor é Filho dela ?
- Marido. Respondi rapidinho torcendo para La Tatita não ter ouvido.
- Desculpe. Mas ela é tão bonitinha, fofinha mesmo. Olha dona. Eu acho muito lindo esta sua disposição de votar, mesmo não sendo necessário.
- Não sendo necessário porquê, filha?
- Ora , dona. Maiores de 70 anos não são dispensadas de votar?
Com muito custo os seguranças conseguiram tirar La Tatita de cima da repórter.
Adeus votação. Talvez no segundo turno a gente consiga votar .
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